19 de Outubro de 2020

Nota de esclarecimento

Referente a vídeos sobre um procedimento bucomaxilofacial realizado no HBP.

A coordenação do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Bom Pastor de Igrejinha vem a público manifestar-se em relação a vídeos que estão sendo publicados e compartilhados em redes sociais. Tratam-se de acusações graves, inverossímeis e que estão sendo propagadas de maneira irresponsável e inconsequente a partir de fatos deturpados e relatados somente de forma unilateral.

A narradora dos fatos, de forma irresponsável, desqualifica e torna pejorativo, em sua rede social, o atendimento que recebeu no sábado, 17 de outubro. A mesma teve acesso ao Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Bom Pastor através de sua Unidade Básica de Saúde, sendo encaminhada ao serviço de referência em cirurgias de maior complexidade, uma vez o que seu caso não poderia ser resolvido na atenção básica de saúde. Trata-se, portanto, de atendimento realizado em um serviço de referência na área da Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, já consolidado e que no último ano foi eleito o primeiro serviço do Brasil em números e qualidade de cirurgias de face. Trata-se, por tanto, de um serviço que foi construído sobre os pilares da excelência clínica, com profissionais altamente qualificados e que há cerca de 10 anos vem atendendo a população sempre com cuidado, dedicação e principalmente com excelência voltada para a humanização.

A insatisfação, característica própria de cada ser humano, no Hospital Bom Pastor também é tratada de maneira séria. Por isso, o setor da Ouvidoria está sempre aberto às queixas sobre possíveis problemas e, mais importante, aberta para dar atenção aos pacientes e buscar a resolução aos possíveis inconvenientes. Da mesma forma, seguimos abertos a receber de forma adequada o relato da paciente, em uma conversa séria, oficial e sem apelos midiáticos em um momento já conturbado por uma pandemia.

Sobre os atos inverídicos e acusatórios, referidos como praticados durante o procedimento cirúrgico realizado, os mesmos nos causam estranheza devido à sua natureza distorcida como foram relatados. Por tanto, de forma pontual são esclarecidos.

a)      Sobre a realização de atendimento por “aprendizes”

O Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Bom Pastor é um centro de referência na área das cirurgias de grande complexidade da área da odontologia. Funciona no modelo Hospital Escola, recebendo para treinamento profissionais do Brasil e de outros países. Todos os profissionais são graduados em odontologia e estão aperfeiçoando a técnica cirúrgica no curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Portanto, são profissionais aptos para a realização do procedimento e não “aprendizes sem formação”.

b)     Sobre “extrair o dente errado e sobre os pontos estarem na frente e não no siso”

O procedimento realizado na paciente foi extração do dente 38 (terceiro molar inferior esquerdo – siso inferior esquerdo), portanto o dente correto, sem equívocos.

O acesso cirúrgico ao mesmo é feito por meio de uma incisão chamada de Newmann (também chamada de “retalho em envelope com incisão relaxante). Tal técnica é de conhecimento de qualquer dentista logo nos primeiros semestres do curso de odontologia. Sendo uma abordagem de uso rotineiro por qualquer cirurgião-dentista, mesmo que não seja especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial. Conforme pode ser visto na imagem, para que o procedimento possa ser realizado há a necessidade deste acesso e, portanto, as suturas ficam também localizadas em uma porção mais anterior e não somente sobre o local da remoção do terceiro molar. Tal fato pode ser atestado e periciado por qualquer profissional da área.

c)      Sobre a “destruição da boca” referida pela paciente

Todo procedimento cirúrgico leva a alteração dos tecidos bucais e, no caso de uma cirurgia complexa para remoção de terceiros molares, por estarem uma zona de musculatura, os edemas (inchaço) e hematomas (roxo) são esperados e muito comuns, não sendo considerados como complicação da forma que foi narrado pela paciente.

Os vídeos postados pela paciente evidenciam uma face sem maquiagem, sem edema, sem hematomas, com a boca apresentando movimentos de abertura e fechamento bucal sem restrição, com uma mucosa de aparência normal para o período cirúrgico recente e sem sangramento ativo. Ou seja, evidencia-se nos vídeos da paciente um quadro clínico considerado de um pós-operatório muito bom, com uma situação de saúde e de pós-cirúrgico imediato totalmente diferente daquela que a paciente relata de forma deturpada e caluniosa.

d)     Sobre a “exposição ao Covid-19 e uso de material que caiu no chão”

O Hospital Bom Pastor de Igrejinha e toda a equipe do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial estão submetidos a rígidos controles de infecção, obedecendo inclusive a normas internacionais de biossegurança. Em todos os atendimentos realizados no hospital essas normas são rigidamente obedecidas, empregadas e supervisionadas pelo comitê de biossegurança. Por tanto, as alegações de maior exposição ao Covid-19 ou mesmo quanto ao uso de material que teria caído ao chão são no mínimo fantasiosas, inverossímeis e irresponsáveis.

Tais medidas de biossegurança são onerosas mas o Hospital Bom Pastor, sempre focado no seu caráter humanitário, as adotou buscando a retomada dos serviços para que a população não ficasse desassistida.

e)      Sobre o maior “risco de infecção”

Nos vídeos postados observa-se que a paciente por vezes traciona a mucosa e coloca os dedos na boca, expondo e tocando na área cirúrgica com os dedos e unhas. Trata-se, portanto, de exposição pessoal à uma gama abundante de bactérias que são encontradas nas mãos e sob as unhas. Por isso, a justificativa de maior risco de infecção não se dará em função do procedimento, mas sim em função do não cumprimento das orientações pós-operatórias que a paciente recebeu de forma detalhada durante o seu processo de alta hospitalar.

e) Sobre o uso de uma “espátula de ferro”

Nos vídeos postados ocorre o relato de ter sido “tratada como um animal” pois “enfiavam uma espátula de ferro que arrebentava a boca toda”. A espátula relatada pela paciente é na verdade um afastador chamado de Minessota. Trata-se de um instrumental à base de aço cirúrgico usado em cirurgias bucais delicadas. O instrumento é encontrado em lojas de materiais cirúrgico, tendo seu tamanho padronizado mesmo entre as melhores e piores marcas. Possui bordos arredondados justamente para evitar o trauma excessivo na cavidade bucal. É um material de uso rotineiro, quase que obrigatório em todas as cirurgias bucais e não apenas na cirurgia da paciente. Portanto, trata-se de instrumental básico e rotineiro em cirurgia bucal que tem o intuído de afastar e proteger os tecidos bucais, e não o objetivo pontual de ser usado como ferramenta de tortura como o relato dos vídeos leva a crer.

f) Sobre o uso de um “sugador enorme, perda de sangue e estar amarela”

A paciente relata que durante a cirurgia os cirurgiões utilizaram um sugador tão enorme e mesmo assim este não dava conta da quantidade de sangue que saia. Trata-se de inverdade, pois os sugadores para cirurgias odontológicas são delicados, tanto que os equipamentos odontológicos não permitem que peças de maior calibre sejam acopladas. 

A vascularização da face, especificamente no local operado, apresenta pequenos vasos e, a menos que a paciente possua algum problema de coagulação (o que não é o caso em questão), não há meio fisiológico de ocorrer um sangramento com tal intensidade conforme o relato.

Ainda, e mais importante, sobre o relato de ter perdido muito sangue, observa-se que a dramatização beira à fantasia irresponsável e associada à necessidade de descaraterização de um serviço formado por profissionais extremamente competentes e preparados para atuar sobre as mais adversas situações de urgência e emergência. Portanto, são profissionais não atentos somente ao ato cirúrgico, mas também ao estado geral de saúde de todos os pacientes, uma vez que estes são encaminhados ao hospital devido a grande complexidade de seus casos e à capacidade de resolução dos profissionais que compõem o serviço. Desse modo, nenhum paciente é liberado do hospital sem que esteja em condições fisiológicas e, em muitas emocionais, adequadas para serem liberados. Logo, se hipoteticamente a paciente apresentasse tamanha perda de sangue, teria sido internada e acompanhada pela equipe, não sendo liberada do hospital para casa a ponto de estar em condições de realizar uma “live” de trinta minutos falando sem apresentar edema, sem apresentar sangramento.

Quanto à questão do atraso na realização do procedimento, realmente aconteceu, tanto por estarmos com equipe reduzida, como por ocorrerem intercorrências em alguns procedimentos, razões que fazem com que alguns atendimentos sejam mais demorados e lamentamos por isso.

Finalizamos reiterando que o HBP possui um serviço de Ouvidoria que pode ser acessado a qualquer momento, disponível 24h através de meios virtuais e em nenhum momento foi procurado. Assim, o material disponibilizado através das redes sociais já foi encaminhado à assessoria jurídica. 



Fonte: Renata H. G. Eidelwein/Relações Públicas
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